terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Rua Grande e sua Cronologia Urbana


O outrora Caminho Grande, Rua Oswaldo Cruz, ou mais comumente descrita, a Rua Grande.

É a rua mais movimentada e responsável por praticamente toda a fama de um dos maiores centros comerciais a céu aberto do Brasil. Mesmo estando encrustrada no Centro Histórico da capital, convive harmonicamente com empreendimentos comerciais mais modernos e contemporâneos e, ao longo de mais de três séculos de existência, nunca perdeu o seu charme e sua importância.

Milhares de pessoas caminham diariamente sobre seus palalelepípedos e através de suas inúmeras artérias e ruelas transversais, alheios à história gloriosa e importância de sua influência no traçado arquitetônico da cidade ao longo do tempo.

Pois bem. Uma publicação altamente recomendada no sentido de entender a evolução desta importante via no contexto urbano de São Luís é Rua Grande: Um Passeio no Tempo (Paulo Melo de Souza, 1992).
Na obra, que é de iniciativa da Prefeitura Municipal e de inúmeros colaboradores, a saga da Rua Grande é contada desde 1640 até os dias atuais, num texto agradável e cheio de ilustrações. Realmente uma boa oportunidade de conhecer melhor uma das nossas principais ruas antigas e com a qual mais nos identificamos quando falamos de comércio na capital.

Aqui a Cronologia da Rua Grande transcrita da obra supracitada:

1640 - Por ocasião da invasão dos holandeses, a Rua Grande já possuía 4 quadras e alguns edifícios - indo até a rua da Cruz, e já se configurava como caminho de acesso ao interior da ilha.

1665 - Governantes transformam o caminho em rua, permitindo a passagem de carros de boi, favorecendo o transporte de cargas do Centro ao Cutim.

1743 - Época da construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos, sede paroquial a partir de 1805.

1844 - A Rua Grande já se estendia até a rua do Outeiro e, a partir daí, era chamada de Caminho Grande, onde existiam várias Quintas, e se prolongava até as Fortificações de proteção contra a invasão dos indígenas, nas proximidades do bairro do Monte Castelo, permanecendo como caminho de acesso à zona rural.

1855 - Em 10 de março deste ano, é concluído o calçamento, após quase três anos de serviços, durante a administração do Sr. Eduardo Olímpio Machado, custando ao governo a quantia de 14:857$530 réis.

1866 - Existiam 178 casas construídas ao longo desta via.

1867 - Novo calçamento foi realizado por João Pereira Leite, contratado por 7:760$000 réis para um trecho de 4.500 braças.

1868 - Menos de um ano depois, a 25 de maio, Dr. Jansen Ferreira fechou novo contrato para o calçamento de 1.170 braças quadradas com o Capitão-de-Engenheiros, Dr. Francisco Gomes de Sousa, no valor de 15:210$000 réis. A obra incluía os paredões para segurança de barreiras.

1897 - O governador Manuel Inácio Belfort Vieira surgiu com a idéia do assentamento das pedras com cimento.

1912 - Instalação de uma oficina em Icatu, especializada na lavra de pedras de granito no formato de paralelepípedos, usadas no calçamento das ruas.

1912 - Com a Igreja da Nossa Senhora da Conceição como sede da Freguesia do mesmo nome, a rua Grande possuía linha de bonde em toda sua extensão, indo até o Anil, e outra que cortava ligando o Largo dos Remédios até a Quinta do Matadouro (São Pantaleão), pelas ruas Rio Branco, do Passeio, e a atual rua do Norte.

1920 - Conforme Lei Municipal desta década, que exigia a construção de platibandas nas edificações, o aspecto colonial foi seriamente alterado.

1939 - Foi demolida a Igreja N. S. da Conceição, e no local foi erguido mais tarde o edifício Caiçara.

1940 - Na execução do Plano de Reforma Urbanística da cidade de São Luís, na gestão do interventor Paulo Ramos, o antigo Caminho Grande recebeu "magnífica pavimentação" e arborização. Foi feita a reforma da Praça João Lisboa e a abertura da avenida Magalhães de Almeida, com a destruição de algumas casas do início da rua Grande.

1979 - Durante a administração de Mauro Fecury, houve a segunda tentativa de fechamento da rua Grande e algumas das suas transversais, para o trânsito de veículos. A primeira tentativa foi feita durante a gestão do Major Pereira dos Santos, na década de 50, abrangendo o trecho entre a praça João Lisboa e a rua da Cruz.

1986 - O Decreto de Tombamento Estadual de uma área de 160 hectares, no Centro Histórico de São Luís, abrangeu praticamente toda a rua Grande.

1990 - A Prefeitura executa um novo projeto de urbanização para a rua, com o alargamento das calçadas, incluindo piso em placas de concreto pré-moldadas, mantendo-se a pista com paralelepípedos, prevendo a implantação das instalações por via subterrânea. Adotou-se uma política de valorização das edificações, com a recuperação das fachadas e padronização da publicidade.

Foto: Miécio Jorge, Álbum do Maranhão, 1950.

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