segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Naufrágio do Navio Maria Celeste



"É Maria Celeste nas águas a queimar. É o sol se pondo em réstias na praia..." já dizia a maravilhosa música da Cia. Barrica do raríssimo LP de 1988; "Boizinho Barrica à luz de uma estrela", tão lindamente interpretada por Gabriel Melônio.

Pois foi exatamente este o sentimento vivido por quem testemunhou o referido acidente, o de impotência diante de uma catástrofe de proporções singulares no cotidiano ludovicense, em meio aos ares ainda pacatos do que restou da pomposa São Luís oitocentista.

O ano era 1954. A tarde do dia 16 de março deste ano jamais será esquecida; desfigurava-se em chamas diante de centenas de curiosos atônitos e em pleno Porto de São Luís, antiga Rampa Campos Melo (hoje Cais da Sagração, de onde partem as viagens de embarcações para a cidade de Alcântara), um cargueiro de fabricação paulista, o Navio Maria Celeste, então com apenas 10 anos de fabricação.

A apenas 500 metros da costa, houve uma explosão no interior do Navio provocada por problemas elétricos, ocasionando toda a catástrofe e posterior naufrágio deste. Os 54 metros de comprimentoe a capacidade de 632 toneladas de carga só ajudaram a disseminar as chamas; o navio carregava 1000 cilindros de parafina e 3000 de combustível!

O Maria Celeste ardeu em chamas durante 3 dias seguidos! O saldo não poderia ser menos trágico; aproximadamente 16 pessoas morreram no acidente e muitos saíram feridos. Pequenas embarcações presentes na baía ajudaram no resgate das vítimas, em meio à cortina tóxica de fumaça e barris em chamas sendo lançados pelo ar, como mostra o relato de Antônio Pereira Cândido, filho de um dos náufragos do navio.

Definitivamente, o acidente, cuja proporção impressionaria inclusive atualmente, mudou a rotina da centro histórico ludovicense naquele dia e nos que se seguiram. O interessante é que até bem pouco tempo podia-se notar ainda os destroços do Maria Celeste próximo ao Cais da Sagração em dias de marés muito baixas, retirados por questões óbvias de segurança. Pra onde foram levados os destroços? Só Deus sabe...

Foto: Dreyfus Nabor Azoubel, O Imparcial, 1954.