sábado, 28 de fevereiro de 2009

Os Passos da Quaresma



Estamos na Quaresma. Período de 40 dias compreendido entre a Quarta-Feira de Cinzas e a Semana Santa rememorando a diáspora do povo Hebreu pelo deserto, fugindo do Egito sob o comando de Moisés.
Durante o período colonial, era natural que a sociedade, de extrema educação cristã, encenasse durante este período a Via Sacra de Jesus através de um percurso que remontasse à Via Dolorosa.

Em São Luís, principalmente ao longo de todo o século XIX, existiam os Passos da Quaresma; pontos de paradas onde o cortejo dava pausas em seu prosseguimento, e onde os participantes da referida procissão encenavam, cantavam e faziam orações, em alusão às Estações da Crucificação de Jesus através das ruelas de Jerusalém.

Eram representados os 14 principais quadros da Via Sacra pelo Centro Histórico da capital porém, após anos de degradação, descaracterização e modernização do patrimônio, apenas 2 Passos ainda oferecem boas condições para a visitação, além de recuperação e conservação; um na Rua João Victal e outro na Rua Formosa (canto com a Rua Direita), pelo simples fato de constituírem construções isoladas e, por esse motivo, teoricamente menos suscetíveis a mutilações.

Há citações da existência dos resquícios de 3 outros Passos da Quaresma; um na Rua Grande nº. 87 onde tem sede a firma Ribeiro Carvalho & Cia. Ltda. (bastante descaracterizado pela platibanda, pintura, acréscimo de uma porta sanfonada e pelas modificações no seu interior), outro na parede lateral da Igreja da Sé (em frente à Praça Benedito Leite) e um último num "canto chanfrado" da Loja Maçônica Grande Oriente (voltado para a Rua de São João).

Em um trabalho intitulado Quaresmais, de Astolfo Marques (1912), a pompa e beleza das procissões de Corpus Christi foi descrita. A tradição já havia atravessado séculos; desde o período colonial e, infelizmente, nos dias atuais já não possui a grandiosidade de outrora e nem percorre os Passos como era costumeiro. O que não significa, na prática, na perda do brilho e da suntuosidade do cortejo. É a tão conhecida Procissão do Senhor Morto, que ainda arrebata muita gente e deixa as ruas centenárias por onde passa mais cheias de vida, fé e regozijo. E dessa forma a tradição se mantém; com outros coadjuvantes, é claro, mas com o mesmo Personagem Principal desde os primórdios da cidade...



Foto: Eduardo Abrahão.

Um comentário:

  1. Fala Ramssés, informo que esse blog foi homenageado no http://musicamaranhense.blogspot.com com o SELO CONECTOU, BLOG NOTA 10! Passa lá e dá uma olhada, abração!

    ResponderExcluir