"É Maria Celeste nas águas a queimar. É o sol se pondo em réstias na praia..." já dizia a maravilhosa música da Cia. Barrica do raríssimo LP de 1988; "Boizinho Barrica à luz de uma estrela", tão lindamente interpretada por Gabriel Melônio.
Pois foi exatamente este o sentimento vivido por quem testemunhou o referido acidente, o de impotência diante de uma catástrofe de proporções singulares no cotidiano ludovicense, em meio aos ares ainda pacatos do que restou da pomposa São Luís oitocentista.
O ano era 1954. A tarde do dia 16 de março deste ano jamais será esquecida; desfigurava-se em chamas diante de centenas de curiosos atônitos e em pleno Porto de São Luís, antiga Rampa Campos Melo (hoje Cais da Sagração, de onde partem as viagens de embarcações para a cidade de Alcântara), um cargueiro de fabricação paulista, o
Navio Maria Celeste, então com apenas 10 anos de fabricação.
A apenas 500 metros da costa, houve uma explosão no interior do Navio provocada por problemas elétricos, ocasionando toda a catástrofe e posterior naufrágio deste. Os 54 metros de comprimentoe a capacidade de 632 toneladas de carga só ajudaram a disseminar as chamas; o navio carregava 1000 cilindros de parafina e 3000 de combustível!
O Maria Celeste ardeu em chamas durante 3 dias seguidos! O saldo não poderia ser menos trágico; aproximadamente 16 pessoas morreram no acidente e muitos saíram feridos. Pequenas embarcações presentes na baía ajudaram no resgate das vítimas, em meio à cortina tóxica de fumaça e barris em chamas sendo lançados pelo ar, como mostra o
relato de Antônio Pereira Cândido, filho de um dos náufragos do navio.
Definitivamente, o acidente, cuja proporção impressionaria inclusive atualmente, mudou a rotina da centro histórico ludovicense naquele dia e nos que se seguiram. O interessante é que até bem pouco tempo podia-se notar ainda os destroços do Maria Celeste próximo ao Cais da Sagração em dias de marés muito baixas, retirados por questões óbvias de segurança. Pra onde foram levados os destroços? Só Deus sabe...
Foto: Dreyfus Nabor Azoubel, O Imparcial, 1954.
Já disse em diversas ocasiões e locais da Internet:surpreendo-me sempre com a ausência de público,sendo a Internet tão vasta,tão frequentada.O porquê de,até agora,este assunto não ter nenhum comentário,pelo menos por ludovicenses,me espanta!Eu fui testemunha da tragédia!Estava indo para o Tesouro Estadual,com minha tia-avó,receber os proventos desta.Ainda tenho claro na memória a imagem de toneis subindo alto,com enorme estrondo,a fumaça negra-como na foto - e a multidão se acotovelando à beira-mar,assistindo ao acontecimento.Morava na Rua da Alegria e fui de bonde até a Beira-Mar.Dia de muito falatório.Dias que deixaram muitas histórias para contar.Mais tarde, já rapaz, de canoa, a caminho da Ponta da Areia, passávamos bem perto - com certo medo - dos destroços do Maria Celeste. Soube, anos depois, que haviam retirado aqueles perigosos restos da sinistrada embarcação.Tempos idos, de uma paz que não mais tenho.Muito"tirei retrato" no Foto Azoubel.
ResponderExcluirObrigado Nini, pelo excelente comentário. Ando desatualizado com o blog mas farei o possível pra melhorar isso em breve. abçs
ExcluirNobre amigo , minha idade não condiz que relate algo sobre o assunto mas,meus olhos de menino muitas das vezes ficava a admirar aquela embarcação naufragada na costa com aquela sinaleira na qual eu entendia como se fosse tipo um sinal de trãnsito, um semaforo e diversas vezes perguntei a meus pais do que se tratava e eles carinhosamente me explicavam:
ResponderExcluirAquilo ? é o que restou do navio Maria celeste!
Uma triste história que faz parte de nossa Ilha maravilhosamante encantada.
Parabéns pelo blog, belo trabalho!
Verdade amigo,a imagem dos destroços do Maria Celeste sempre mexeram com a minta imaginação.
ExcluirQuando criança estudava no Colégio Meng e sempre admirava aquela estrutura afundada na lama da maré baixa da Beira Mar.
Me lembro da época que foi dinamitada nos anos 90. Que pena que nossos meios de comunicação só servem de ferramenta política para a oligarquia Sarney.
Por isso o nosso povo não tem memoria e nem como resgatala.
Sou neta de um dos mortos deste fatídico dia, meu avô Garibaldi Matias serviu na segunda guerra mundial e depois foi parar neste navio e infelizmente morreu queimado, por sorte meu tio avô que também neste navio estava sobreviveu e hoje nos conta como foi tudo. É a primeira vez que vejo algo na internet a respeito desta tragédia.
ResponderExcluirTatiana,meu nome é Roberto,sou de São Luis,Maranhão!Em breve estarei lançando o livro narrando a fatídica história do navio "Maria Celeste",inclusive sobre o seu avô,o saudoso Garibaldi Matias.Por favor se você estiver disposta a compartilhar comigo,seremos colaboradores desta que foi a maior catástrofe já ocorrida em São Luis1Entre no meu face:(Roberto Moraes)
ExcluirOla Roberto, será um prazer colaborar com um livro q irá retratar meu avô. Estou tentando achar vc no facebook mas não consigo, o meu é Tatiana Mathias da Da Silva Luz.
ExcluirBoa tarde onde encontro o livo sobre?
ExcluirPrezados,
ExcluirSou o autor do relato. Meu pai ainda é vivo. Penso que ficaria muito feliz em dar seu depoimento pessoalmente sobre o tema. Ele tem condições físicas e mentais para isso muito embora já tenha 90 anos. Se entenderem oportuno penso ser interessante. apec@ifsc.edu.br
Tenho interesse em saber mais sobre o naufrágio do Maria celeste com seu pai como faço
ExcluirPresenciei uma parte do acontecimento e um dos sobreviventes era do meu bairro Floresta,o saudoso Apolônio, meu amigo. Um ou dois dias depois ainda se sentia o calor da queima da embarcação. Foi muito triste, parabéns pelo blog.
ResponderExcluirPresenciei uma parte do acontecimento e um dos sobreviventes era do meu bairro Floresta,o saudoso Apolônio, meu amigo. Um ou dois dias depois ainda se sentia o calor da queima da embarcação. Foi muito triste, parabéns pelo blog.
ResponderExcluirApesar de ser neto de quem viu, ainda guardo na memória a visão do telhado do castelo de popa do navio, durante os anos 70 e 80. Tinha uma luz que piscava para indicar o local do destroço. Depois a Marinha fez o favor de retirar tal lembrança de lá. Christian Bezerra Costa.
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